Boa tarde aos amigos leitores. Peço desculpas pela demora para realizar nova postagem, mas me ausentava pela segunda fase do vestibular e por uma viagem à casa de um grande amigo.
Hoje resolvi continuar na temática "educação", me voltando a primeira discussão sobre o corpo docente. Como disse nossa nova presidentA (como ela prefere ser chamada, e não de A presidentE) disse, em seu discurso de posse, que "(...)os professores são os verdadeiros especialistas em educação(...)". Sem delongas, estou de total acordo, então vamos discutir um pouco sobre o professorado.
Devo frisar que comentarei apenas a história OCIDENTAL nessa postagem, ok?
Como meus camaradas leitores provavelmente são estudantes - ou pessoas já estudadas, ou até mesmo professores - creio que podemos todos opinar a partir de nosso empirismo, certo?
Ao longo dos tempos (digamos eras, séculos) a profissão "professor" veio se alterando, bem como sua visão dentro da sociedade. Há muito tempo atrás eram poucos os capacitados a passar o ensinamento; os pais repassavam seu ofício aos filhos, sendo assim muito difícil a transição de classe social. Alfabetizados? Apenas membros da nobreza ou clero (isso quando a nobreza sabia...). Vimos que, por exemplo, os escribas, no Egito antigo, que podemos considerar como uma mescla de advogados e professores, gozavam de elevada posição social, eram tidos como os verdadeiros poderosos, bem como os filósofos tinham seus discípulos, e eram os "seres mais importantes da grécia".
Com o passar do tempo, vemos que o professorado passou a sofrer mudanças. Dentro da igreja católica, da alta idade média (vamos ver se todos aprenderam direitinho... a alta idade média acaba com a queda de que império??? Espero resposta nos comentários (y) ), dividida claramente entre membros do clero provenientes da alta sociedade (nobreza) e da classe baixa (maioria esmagadora, como ainda é, infelizmente...). Os membros do "baixo clero" (provindos da classe baixa) tinham instruções mínimas, enquanto os membros do alto clero, detentores de praticamente todo o conhecimento formal da época, eram ensinados pelos membros mais importantes do clero; portanto, vemos os professores aqui como uma "classe social" de altíssimo prestígio, mais uma vez.
Logo, tivemos a queda do império (respondam vocês...), e o início da baixa idade média. Embora essa divisão não seja exatamente factual, vamos nos utilizar dela para demonstrar o surgimento de uma nova classe social, a burguesia. Houve um certo declínio no poder da Igreja, pilar do "mundo civilizado euro-ocidental", e essa nova classe social, formada por outrora simples camponeses, começou a se fortalecer, pela expansão e aumento de importância que as cidades começaram a ter no cenário europeu.
Os então burgueses, por não serem considerados nobres, buscavam tal refino, que séculos de domínio sobre eles, impedia que a cultura transmitida por seus pais tivesse sofisticação, buscavam entrar na nobreza, por casamentos com membros desta, e os nobres, em posição decadente, pela perda de bens sucessiva, decorrente da mudança da economia transitória, buscavam o dinheiro dos burgueses. Mas algo dificultava essa ligação; a própria cultura. Temos aí os professores como uma classe determinante na direção tomada pela civilização, agregando conhecimento à burguesia, e estabelecendo novos padrões sociais.
Chegou então o período conhecido como Renascimento, onde tivemos verdadeiros gênios (espero que citem uns dois ou três nos comentários, camaradas ^^) responsáveis pelo estudo da anatomia humana, pelo aprimoramento da tecnologia (até novos conhecimentos de como construir pontes melhores - que melhorou significativamente o transporte, por consequência o comércio e a troca de cultura e conhecimento...), desenvolvimento da física clássica, aprimoramento das artes plásticas (enunciemos "
La Gioconda" - quem disser o nome mais famoso dela ganha um prêmio; e "O Pensador" - quem foi seu escultor?), entre N outros ramos. Com o renascimento, houve uma ploriferação do conhecimento, onde surgiram alguns sábios que tinham uma função semelhante aos filósofos na história antiga, porém não gozavam do prestígio da história antiga, como os filósofos. Assim surgiram professores quase como os conhecemos.
Para por um fim no domínio histórico massivo da igreja, veio o Iluminismo, movimento surgido na França, com personalidades importantes para a época, como John Adams (e o capitalismo...), John Locke, Voltaire, Montesquieu, e muitos outros, que revolucionaram o modo de pensar da sociedade, dissipando o conhecimento para toda a população. Aí os professores tiveram suma importância, no desenvolvimento desta nova sociedade. Os burgueses, buscaram fervorosamente professores para que seus filhos pudessem desfrutar do conhecimento necessário para que a classe fosse dominante, e pudesse se desenvolver. E assim foi.
Filhos de ricos, ensinados pelos professores, tornaram-se arquitetos da nova revolução que viria, em meados do século XVIII, na Inglaterra. O desenvolvimento de maquinaria adequada à alta produtividade rendeu o maior impacto ambiental, bem como o maior desenvolvimento da sociedade, e a produção em massa. Particularmente, credito a classe dos professores tal desenvolvimento; mas estes foram esquecidos, por terem seu brilho ofuscado por seus alunos; atrás de um grande homem sempre há dúzias de outros, que o emergiram.
Com a revolução industrial e o surgimento do operariado, passado um tempo, notaram que operários bem ensinados, operários bem treinados, aumentavam sensivelmente a produção, diminuiam acidentes, controlavam melhor o maquinário. Assim educação começou a se popularizar.
Ao mesmo tempo que os operários eram ensinados pelos professores, começaram a notar sua exploração. A Educação (note a letra maiúscula; tomo-na como um ser, uma entidade a qual todos precisam ter contato...) foi uma faca de duas lâminas ("dois legumes" xD), que beneficiava os dois lados, tanto os industriais, que obtinham maiores lucros, como os operários, que passaram a lutar por seus direitos, dando um certo "prejuízo" a seus empregadores. Creio que podemos tomar como declínio da profissão "professor" neste momento.
A Educação passou a ser, de certa forma, direito de todos, e os professores passaram a sofrer um certo preconceito, vindo dos industriais da época, que eram a "classe dominante". O preconceito passou a vir de cima para baixo. A cultura passou a ser modificada, e com a vulgarização pela quantidade de professores despreparados, que a grande demanda ocasionou, os professores passaram à condição de trabalhadores comuns.
Essa situação dos professores manteve-se nesse ritmo até hoje. Podemos dizer que houve flutuações (quase uma função senoidal, para os colegas das exatas que lêem o blog, e gostam da precisão de descrições, não conseguem abstrair e imaginar um pouquinho...), mas o professorado passou a ser algo tão comum e corriqueiro quanto qualquer outra profissão. Discordo disso, mas fica para o final do texto minha crítica, bem como a opinião de você leitor...
Ao entrarmos no século XX, com novas idéias ao redor do mundo e o desenvolvimento tardio da grande maioria dos países, bem como o início da globalização, a educação passou a ser regulamentada em boa parte dos países, sendo legalmente um direito dos cidadãos. Todos os Estados (Estado é diferente de governo, pra quem prestou segunda fase da Unicamp, ok?) buscaram trazer com a educação o desenvolvimento. Exatamente como os industriais fizeram uns séculos antes, só que em uma dimensão MUITO superior. Digamos que esta dimensão maior da popularização foi uma função linear, em relação a dos industriais; a desvalorização do professorado ocorreu de maneira exponencial. Logo, os professores foram atirados na lata do lixo.
O estudo, em meados do século XX, passou a ser desprezado, bem como quem o repassava, por TODA cultura. Os "nerds", estudantes exímios, de grande capacidade, com potencial para serem grandes professores e mudarem o rumo da civilização como fizeram ao longo de toda a história, passaram a ser ridicularizados e sofrerem discriminações. Quem possuía o conhecimento começou a ser tratado como um 'certinho', que não se aproveita do sistema. Os 'certinhos', futuros professores, passaram a ser cada vez mais rejeitados pela sociedade em geral, e notamos essa manifestação cultural por filmes onde os nerds eram os 'otários', os 'perdedores'.
Se os
nerds eram perdedores, por estarem COMEÇANDO a seguir um rumo acadêmico, o que podemos dizer de quem aponta o caminho? Os professores, que antes eram grandes figuras sociais, passaram a ser vistos como... (insira um substantivo MUITO ruim aqui).
A autoridade dos professores, dentro da classe e da escola, foi cada vez mais retirada. Se nossos pais e avós sofriam castigos físicos na sala de aula, como a palmatória (que formou alguns cidadãos "meio importantes", como Lula, Caetano Veloso, Chico Buarque - no Brasil; lá fora podemos dizer Bill Gates, por exemplo...Citem mais, galera... sei que vocês tem ídolos meio 'tiozões'...) foram abolidos. O castigo no cantinho da sala deixou de existir no início deste século. E em 2010 o tapa no bumbum também foi proibido para os pais, talvez os maiores educadores de um indivíduo. Somos animais, e como tais, precisamos apanhar para aprender, creio. Em níveis diferentes de um cachorro, claro, mas necessitamos de algum tipo de castigo...
Professores não podem mais bater em seus alunos. Não podem castigá-los. Não podem gritar com eles. E a sociedade vê os professores como sub-profissionais, onde os alunos que mais perturbam os mestres são os heróis da turma. Aposto que todos vocês, leitores, já perturbaram um professor, só para vê-lo irritado! Ok, a sociedade instiga os pequenos cidadãos em formação a desvalorizar quem os ensina; para onde estamos indo?
Professores são os profissionais responsáveis pela formação de um país; por sua base, por sua cultura, por seu crescimento. São os responsáveis pela formação dos cidadãos. Se eles são desvalorizados, o que viraremos? Se desprezarmos quem nos ensina, para onde iremos? Não foi pelo racional que nos tornamos diferentes dos outros animais? E esse raciocínio não nos foi passado até agora? Quem sabe os desordeiros de hoje não voltem a ser como animais tidos como irracionais, né? Assim gostaria -.-
Por sorte, nos últimos3 ou 4 anos, houve uma valorização da classe nerd, "promovendo-os" a Geeks. Será que é o início de uma mudança comportamental? Gostaria que sim.
Vamos valorizar a classe mais importante da sociedade, os professores. Vamos respeitá-los. Sei o quanto minha mãe sofre com essa desvalorização, professora há 29 anos, e já comentou sobre muitas fases da educação.
Próxima postagem sobre Educação creio que será sobre a falta de competência de alguns professores, causada pela desestruturação generalizada pela desvalorização dos mesmos, bem como sobre professores que não se esforçam (que não são de fato professores, e sim sofistas meia-boca).
Abraço aos guris, beijo na bochecha às gurias o/ *risos*