terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2014


    Algumas horas nos separam das piadinhas já manjadas como "o velho tá na UTI e logo se vai", "dormi em 2013 e acordei só em 2014", "nossa, última vez que tomei banho foi ano passado", "mas isso parece ter acontecido no ano passado".
    É sempre assim, em toda muda de ano, como se o circundar elíptico da terra completo nos trouxesse uma vida nova, um ano cheio de perspectivas e promessas que iremos cumprir. Um feliz ano novo. Ou seria só mais um novo ano? Só mais 365 dias para viver a mesma vida de sempre, com alguns novos caminhos.
    O que faz um ano diferente não é a virada do calendário. E essa energia do final do ano deveria ser aproveitada. Esse nosso fôlego de lutar, de mudar nossa vida, nossa realidade, nosso mundo... Isso é a única coisa que tem que ser conservada. Esse ímpeto da mudança, é isso que temos que fazer durar.
    Então que tal fecharmos um acordo aqui, entre nós? Vamos fazer com que cada dia de 2014 seja como 31/12/2013 ou 01/01/14. Vamos manter essa nossa vontade de correr atrás das coisas. Vamos ser todos policiais de nós e de nossos coleguinhas, e fazer questão de sermos nossas tochas, assim se um se apagar, o camarada estará ao lado pra atear fogo, porque assim o seremos. Um fogo eterno. Uma chama de esperança, uma chama de luta.
    Que esse suspiro da novidade transforme o novo ano em ano novo, que quebre os paradigmas, que confronte tudo aquilo que achar injusto.
    Desejo que seja feliz, e que, se parar ser feliz, precise realizar seu sonho, que realize. E que se pra realizar seu sonho, tenha um. E que se pra ter um sonho, seja imaginativo, e tire os pés do chão, um pouquinho. E que se não consiga voar, que feche os olhos - e que, com os olhos fechados, possa imaginar. E imaginando possa descobrir-se sonhador. E feliz.
    Acima de tudo, desejo que não acomode-se com o que incomoda. E que justiça seja a palavra de lei desse ano que já tá começando, ao raiar do amanhã.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Do beagle ao seu "umbeagle"

A poeira baixou, agora é hora de sentarmos e estudarmos.

   Como é sabido, um instituto de pesquisa foi invadido por vândalos, e 200 cachorrinhos da raça beagle foram roubados de lá. Sim, dessa vez são vândalos mesmo.
   Manifestações sobre a defesa dos animais são super bem vindas, e eu não acho justo que alguns animais sofram duramente durante algumas pesquisas. Agora vamos tentar entender porque o que essas pessoas estão bastante equivocadas ao fazer este tipo de ato:
i) O instituto estava em ordem, segundo inquérito da ANVISA e órgãos regulamentadores, o que leva a:
ii) Os animais não estavam em condições precárias. Havia um controle das circunstâncias em que eles viviam, visando causar o maior bem estar possível, aos animais. Nenhum pesquisador é sádico e gosta de ver animais sofrendo. Conheço vários pesquisadores que tem pesadelos diariamente com os animais. Se não parecia que eles (animais) recebiam carinho, é porque de fato não recebiam; eles são cobaias, e como tal, tem que sofrer interferência zero ao propósito da pesquisa;

Obs.: método científico-> para desenvolver uma pesquisa, é  necessário seguir um procedimento onde um número N de cobaias (estudado estatisticamente para cada propósito) é submetido a um único teste, para avaliar uma única reação. Essas cobaias podem ser números, imagens, animais e até humanos - tudo depende de que área e que efeito será pesquisado.

iii) As pesquisas ali podiam ter décadas de investimentos financeiros e humanos, alguns remédios podem ter atrasado em mais de uma década para saírem, e várias carreiras, dos pesquisadores, foram profundamente afetadas;
iv) Não estou dizendo que corroboro com a metodologia, mas ela é necessária até certo ponto. Atualmente, há métodos em desenvolvimento que, com cálculos avançados e estruturas moleculares, pode prever algumas das reações. Tecidos orgânicos humanos, sintéticos, cultivados a partir de células, também são utilizados. Mas são coisas que não conseguem reproduzir com certeza a eficácia, há uma série de reações alérgicas, interações bioquímicas, etc etc etc que impedem a certeza do experimento.
v) As organizações que regulam o uso de cobaias tem normas rígidas, e sempre é utilizado o número mínimo de cobaias, afinal, manter uma cobaia, totalmente isolada do meio, "inerte", é algo muito, MUITO caro, e bem desumano também, vamos combinar, né?
vi) Usar gente presa pra fazer os testes? Bem, cobaias humanas são utilizadas na última fase de qualquer coisa. Agora... USAR GENTE PRESA? Quer dizer que o cidadão cometeu um crime, agora ele é uma massa pronta pra teste? Um tal de Hitler tinha uma mentalidade só assim, idêntica, a essa. Privar uma pessoa de seus direitos humanos é algo totalmente incoerente. Aliás, é discurso de ódio, que é crime hediondo e OPS! Veja só! Crime de ódio leva à prisão sem direito à fiança - e você seria o próximo cobaia. Pense antes de abrir essa boca pra falar merda =D
vii) Sabe pq beagle? Eles são a raça que tem a linhagem genética mais uniforme, com variância mínima (tal como humanos), outras raças variam demais e tornam as coisas imprevisíveis. Além de algumas reações do organismo similares às humanas.

Então, no fim das contas, quem invadiu aquilo lá foi por uma falsa moralidade, e pode ter certeza que desperdiçou a vida de milhares de outros animais, fez a morte deles ser em vão, porque todos os resultados foram perdidos. E deviam olhar mais pra frente, aprender um pouco sobre as coisas, e olhar um pouco menos pro seu "umbeagle".
Quer ajudar os bichinhos? Vire um químico/biólogo/médico/bioquímico/cientista/pesquisador fodão e ajude a desenvolver outras metodologias, que não o uso de animais. De resto? WALK ON HOME, BOY!

domingo, 27 de outubro de 2013

E pra onde foi Amarildo?

    Eu desobedeci a máxima "não leia os comentários". E vi uma enxurrada de dizeres que me deixaram de cabelo em pé. E o pior é que isto reflete a mentalidade da população brasileira - o gigante que acordou. E haja preconceito pra constituir a carne desse gigante, viu?

    A matéria, sobre as últimas horas de Amarildo, não tinha nada de demais, era só um infográfico dizendo sobre o que foi concluído com inquéritos (http://noticias.uol.com.br/infograficos/2013/10/25/entenda-o-caso-amarildo.htm), de maneira simples. Mas aí... aí chegam os comentários. Coisas como "Fala sério, maior cara de n?óia, soltador de rojão para avisar tra/fican/tes que a policia estava sempre chegando.... Mais um pouco terá ONG lá em cima pró Santo Amarildo" ou "O Amarildo foi morto, os responsaveis tem que ser punidos e ponto. Mas porque todos estao empenhados em transformar este Sr em Martir? Sejamos racionais, nao e correto fazer justica com as proprias maos, mas cara que morre como oAmarildo, executado, no minimo tava no meio de toda a sujeira", ou "sou um civil comum, e mais uma vez vejo o sensacionalismo burro de uma imprensa mal formada e medíocre, deixa polícia trabalhar.". E eu poderia continuar transcrevendo os comentários até amanhã, porque a cada minuto chega mais uma dose de veneno.

    Eu me pergunto em que mundo eu vivo. Como as pessoas conseguem ser tão preconceituosas e estúpidas. Como elas pré-julgam as outras, julgam e condenam. O cara mora na favela, ele é bandido e sempre será; se fosse cidadão de bem ele se esforçaria, estudaria mais e teria um trabalho melhor. Acho bem válido compartilhar uma ideia (porque a imagem eu não achei) sobre um rapaz, canavieiro, que nunca pôde ir à escola, já que a mais próxima ficava a mais de 15km de onde morava, e os professores, quando presentes, não tinham materiais ou mesmo conhecimento/preparo pra ensinar, e o rapaz cresceu e continuou analfabeto, mas se mata de trabalhar, cortando cana. Paralelo a este cenário, o filho do dono da usina canavieira (onde o rapaz da sentença anterior trabalha), sempre teve a melhor educação, e herdou o império usineiro do pai, tendo que trabalhar pouco (pra não dizer quase nada) para chegar aí.
    Há uma grande dificuldade, em quem tem tudo (ou acha que tem tudo, porque lhes falta um senso de social muito grande, bem como muita educação e cultura - mas sobra dinheiro e lugar vago no cérebro, onde trabalham seus conceitos dogmáticos), de analisar o meio social dos outros, e perceber que nem todos tem a mesma oportunidade (caso ali de cima, do canavieiro e do usineiro). Falta a capacidade de enxergar o mundo como o é, e fazem questão de não entender isso, para poder despejar essa eloquência na fala, de como, com muito trabalho, conseguiu juntar dinheiro e comprar casa, criar filho, etc, etc, etc. Acha que se outra pessoa que pelo acaso teve ainda menos chance, não conseguiu "vencer na vida", essa pessoa foi folgada.

   Mas o mais grave é o que veio a seguir. Dizer que Amarildo tava no meio da sujeira - sem conhecer o senhor. Já lançar a justificativa de que só foi pego porque merecia, porque era bandido sim. E depois que a imprensa é medíocre por mostrar tanto do mesmo caso, "que tem muita coisa acontecendo no país, por que mostrar só esse caso? Ele era só mais um!". Bacana, bacana - o engraçado é que a mesma lógica não se aplica quando um médico, um classe média é assaltado, baleado, morto ou w/e, né? Pai de família morre, ele não merecia, tem que passar na TV - e o sensacionalismo se torna válido.
    CARA, isso tá errado! Primeiro que o caso não é pelo fato do Amarildo ter morrido. Ele não foi o primeiro. Ele não será o último. Mas ele é um símbolo! Se você acha que as coisas estão erradas, ao invés de condenar o Amarildo, lute por uma sociedade mais justa! Entenda que ele é uma bandeira levantada para representar milhares de 'moleques' que são abordados pela PM e apanham, diariamente! Que ele representa as moças que são agredidas sexualmente (não um estupro consolidado, mas se um policial diz que uma mulher é gostosa, em exercício da função isso é abuso de autoridade e é SIM um estupro, agravado, porque o PM é a segurança da população, não quem deve causar a preocupação!), dos pais e mães de família que, ao voltarem do serviço, são chamados de vagabundos, tomam revista violenta. O Amarildo é sim um só caso, mas ele é a representatividade do todo!

   Daí você me diz: mas não adianta fazer nada, nenhuma luta vai adiantar, nada nunca vai mudar. Ah, é? Por que você não se mata, então, já que está descontente com o mundo e acha que não vai mudar nada, mesmo? Já se estiver com vontade de deixar o mundo um lugar melhor, tem uma grande mudança que pode fazer: mude a si, como pessoa. Antes de condenar alguém, veja a situação da pessoa. E principalmente - abandone os preconceitos. Eles só servem pra prejudicar a dinâmica social.

(primeiro texto onde testo a escrita sem usar gênero - ou tentando =P)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Do ingresso da PM na Unicamp

"Sem vestibular, não"
 -Silva, J.G.C.

    Eu andava no centro de Campinas, meados de 2008, lá pelas 17h, era verão e o dia estava claro. Uma viatura passou, desceram 4 policiais militares, já apontando a arma e "bota a mão na cabeça, dá uma abaixadinha, vai ajoelhando gostoso, e começa a oraçãozinha"; e enquanto cutucava o revólver na minha cabeça, sussurrava: "será que meu dedo vai escorregar?". Isso porque tenho carinha de burguês, imagina o que fazem com a galera de periferia.
    Daí a Unicamp quer abrir as portas pra PM. Alguns dizem: acabou a farra dos maconheiros, Unicamp é lugar de estudo; quem não deve, não teme, etc. *bocejos*
E o Amarildo, o que é mesmo que ele devia?
     E tem gente que não compreende a arma repressora do governo que é essa instituição.
E esse professor? O que ele deve, que tá tomando borrachada da PM? É, PROFESSOR. Quem cuida da educação. LUTANDO por seus direitos foi REPRIMIDO.
     E será que ajuda? Vamos ver como a entrada da PM na USP modificou o cenário: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2011/11/dados-da-pm-sobre-queda-na-criminalidade-sao-inconclusivos/
Daí a gente analisa os abusos, a truculência policial e as muitas situações de flagrantes forjados por PMs por todo o país. E agora me diz: Se a PM presente na universidade não reduz a criminalidade, POR QUE RAIOS há necessidade da PM?
    Alguns alunos que não tem "cara de universitário", que não vestem o "uniforme" com blusa de marca, que não usam mochila pequena, porque tem um carro pra carregar o material, mora numa república às redondezas das principais portarias do campus... Essas pessoas, que estão na Unicamp pra estudar, estarão sujeitas à truculência policial, afinal de contas, quem não se lembra?:




    A entrada da Polícia Militar, no campus, é uma afronta à liberdade acadêmica. A universidade tem, historicamente, um posicionamento de vanguarda, onde boa parte das ideias não são primariamente aceitas pela sociedade, transmitindo-se conceitos posteriormente, depois de adaptação.
    A presença da PM tem um caráter milicioso, principalmente em locais como a periferia, ambiente "abandonado" pelo Estado, e os moradores dependem do assistencialismo de traficantes (muitas vezes de mãozinhas dadas com deputados por aí...), e a PM faz um serviço de "segurança privada", empoderando-se e quebrando leis para "manter a ordem". Não é este tipo de "ordem" que precisamos na universidade. Não é de PMs que precisamos lá dentro, para que aconteçam coisas DESTE gênero, onde a ironia extrapola o bom senso e o ridículo.
    Os PMs são treinados para agirem de maneira truculenta, e eu não quero que muitos amigos, que nem sempre tem carinha de boy/paty sejam abordados. Eu fiquei traumatizado com uma das abordagens, e isso porque não cheguei a sofrer nenhuma agressão física. Mas amigos já tomaram porrada. E nem sempre foi pouca coisa. E foram perseguidos pela polícia.
    A pergunta que fica é: se nós somos o povo, e estamos lutando pela nossa liberdade, sem desrespeitar nenhuma lei... A PM tá defendendo a quem? Não passam dos cães do governo.
  
    Pecamos
    Pecamos sim, ao não fazer com que a Unicamp seja uma universidade pública. Há um total descaso com o terceiro pé de sustentação da universidade. Pesquisa e ensino são supervalorizados, e a Unicamp forma tecnicistas de altíssima qualidade, fornecendo mais e mais insumos pra sustentar o sistema. E a parte em que a universidade tange à sociedade, por meio da extensão? Onde fica?
    As pessoas só depredam àquilo que não lhes importa, ou não lhes pertence. Como eu disse em postagem anterior, não se vê hospitais ou locais que prestam assistência à população sendo depredado. O que falta, na universidade, é essa proximidade com o povo. E sem o nojinho de ter contato com o povo, como eu vejo muita gente por aí, reclamando que "zé povinho/funkeiro/rapper", entre outros, são perigosos, são marginais. São marginais sim. São marginalizados por você, que não quer conviver no mesmo ambiente. Isso é marginalização, é por de lado alguém! Os alunos precisam lutar pela propagação da Universidade para o povo, só assim, a longo prazo, teremos o retorno e o fim da violência no campus.


    A entrada da PM representa a vontade do reitor de ter às palavras de ordem e repreensão. Além da tirada de corpo da Unicamp, em relação às festas e a falta de comprometimento da gestão da universidade em relação a toda essa criminalidade crescente na região.
    Para complementar, depois do petit aí em cima, sugiro que leiam os textos do link a seguir, que refletem meu pensar:
http://mariliamoscou.com.br/blog/?p=3020

Beijos de luz. Pra quem é contra a entrada da PM.
Pra quem é favorável, espero que seja abordadx pelo menos uma vez, com toda a truculência que eu fui, pq alguns amigos sofreram muito mais, mas daí já é pesado, só a minha abordagem já basta, pra vocês.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Da universidade pública

    Pois bem, ora! Vou propor um debate para meu maior entendimento do cenário atual, utilizando uma linha de raciocínio talvez pouco ortodoxa. Espero que colaborem =)
Curtam a página no facebook ( http://www.facebook.com/OEstopim ) e fique por dentro dos textos e campanhas =)

    E era uma festa da rádio muda, então um moço, um universitário, branco, heterossexual, classe média, engenheiro em formação, foi esfaqueado. Quatro vezes. A situação levou a uma briga generalizada, e atualmente a moça, que se disse ameaçada pelo rapaz (onde todos meus amigos e colegas que o conheciam, disseram que ele era um rapaz dócil, simpático, educado e nunca tinha tomado nenhuma atitude nem próxima com o descrito pela moça), assumiu a culpa.
    A festa era ilegal, a moça não era universitária, nem o grupo de amigos dela. Eles sumariamente invadiram a Unicamp e foram à festa da Rádio Muda, onde aconteceu o incidente. Dizem que o rapaz não começou a briga, que tomou uma skatada na nuca, que sofreu espancamentos. Dizem que os seguranças nada fizeram. Dizem muitas coisas. E a universidade tira o dela da reta: a festa era ilegal, a culpa é dos organizadores da festa. E ainda não ouvi uma justificativa dos "organizadores" da festa.
    O debate que rola, entre os alunos, é sobre a continuidade de festas no campus ou não. E acho que é exatamente este, o ponto.
    As festas deveriam ser proibidas? As festas deveriam continuar, como estão? As festas deveriam continuar sim, mas deveria criar um mecanismo para que apenas alunos da universidade possam participar?
    Isso são reflexos da atual conjuntura da universidade.

    As universidades públicas, que geralmente são tidas como melhores (por disporem de mais verba, mais visualização no cenário de pesquisas e principalmente um método de seleção de alunos mais eficaz), são frequentadas em sua maioria por pessoas de classe média e média alta. A educação passou a ser um produto, e não algo que todo indivíduo tem acesso. Paga-se o melhor cursinho para entrar na melhor universidade. E isso gerou uma universidade pública onde o grande público é burguês e teria condições de pagar uma boa universidade particular.
    Não que eu ache que todos esses alunos deveriam sair hoje da Unicamp, USP ou quaisquer outras universidades públicas, mas acho necessário a mudança desse cenário. Ele representa a última instância da segregação social. É o último degrau de ascensão do cidadão. Aquele cidadão que cursou uma graduação em instituição pública terá um respaldo social maior que outros.
    E com o surgimento de graduações a preços baixíssimos, popularizou-se um ensino de qualidade duvidosa, o que aumenta ainda mais este tipo de segregação (mas o foco não é este).

    Acontece que todo setor público, no nosso país, tem o foco de atender à população como um todo, e não em atender um nicho da população, específico, nem visar um lucro pra alguém. Por exemplo o SUS, que qualquer indivíduo pode utilizar, e não há empresas ganhando com isso (não diretamente, e pelo uso do SUS, mas pelos contratos e mimimi); o INSS, onde todos que tiram licenças ou aposentados recorrem; ou os distribuidores de água, de energia elétrica. São acessíveis a toda a população.
    Por que, então, as universidades públicas tem o foco de fornecer profissionais de linha para algumas empresas, e na hora de selecionar seus alunos, já buscam aqueles que estão próximos à elite financeira? É mais cômodo, mas onde fica o retorno social destes órgãos públicos? A educação superior, pública, não deveria prestar um serviço à sociedade?
    O que eu enxergo é uma pseudorealidade na qual os alunos vivem, claramente segregativa, onde apenas seu mundo burguês existe, e o retorno social é algo totalmente desconsiderado. Os projetos em todas as áreas são voltados para empresas que podem pagar e/ou patrocinar os institutos. E o fator social beira o zero. É mais cômodo para a instituição manter esta política, já que na autarquia de cada universidade, o lucro é muito bem vindo. Mas o correto não seria aproximar a universidade da população?
    Se o mundo universitário se aproximasse, pelas vias da extensão, do povo, aplicando tecnologias em situações cotidianas do público regional, teríamos uma dinâmica social mais interessante. Teríamos uma população mais saudável, mais consciente. A educação permearia, do nível superior à grande massa, e traria-se mais pessoas para o cenário estudantil, não abandonaria o indivíduo da classe baixa (que acha que a Unicamp é um hospital e pronto-socorro, somente - ou que é uma 'faculdade paga e cara demais'). Teríamos o contato com toda a população, abrindo o campus para o povo - afinal, o povo deveria desfrutar deste recurso público, e não uma elite =(
    Aproximando a universidade do povo (sim, e deixando os 'manos' e 'funkeiros' entrarem, porque eles tem capacidade sim, e o preconceito reside na cultura de massa, que se adequa apenas aos burgueses; sertanejo universitário é muito mais baixo nível que muito rap e funk por aí, em termo de linguajar e preconceito) teríamos uma universidade mais democrática e a violência diminuiria como um todo. Tanto a violência física, como assaltos, estupros ou esfaqueamentos, quanto a violência da segregação, feita pelos alunos em relação ao "povão" (como criticar os gêneros musicais apreciados pela periferia). Trazer a universidade ao povo, e levar o povo à universidade.
    O ensino superior é só o último nó, o último ponto no reflexo de construção social. Mas se é o último nó, deve ser o primeiro a ser desfeito, ou os seguintes nunca serão. E se há um ambiente onde as pessoas estão dispostas a promover uma mudança social e tem capacidade pra isso, este lugar é a universidade pública.
    Deixe a formação meramente profissional pras universidades particulares. A universidade pública é para o povo!

domingo, 23 de junho de 2013

Sobre Manifestantes & Vândalos

    A cada dia minha vontade de partir para um vlog é maior! Só me falta uma câmera, porque nem sempre os textos me satisfazem na transcrição da situação, em sua totalidade.
   Mas vamos ao tópico de hoje.
    Após participar da manifestação em Campinas, no dia 20/06, que eu comentarei sobre em postagem futura, ou não, notei que diversas camadas sociais estavam por lá. E exatamente este é o foco desta postagem - sobre como rolou tal interação entre as diversas pessoas, e como a grande mídia nos traz isso, e como acabamos interpretando isso.

    As manifestações estão sendo tratadas como Marchas da Família com Deus pela Liberdade (inclua aí a luta contra os comunas, de 1964, já que qualquer bandeira vermelha tem de ser abaixada), onde a paz deve imperar. Concordo? No máximo com um protesto pacífico, mas de modo algum passivo. O movimento não é apolitizado, nem teria como ser (isso pode ser assunto pra futuras postagens), então há reivindicações sendo feitas. Mas em algum momento acontece de um bando de 'baderneiros' e 'vândalos' começam a depredação. E agora fica a pergunta: esses vândalos são ou não são manifestantes (note que usarei uma generalização, ainda há grupos com perfis totalmente distintos do apresentado, que provocam vandalismo de maneira que não consigo compreender)? Retomarei a pergunta após uma conversinha com você, coleguinha =]
    Notei que, enquanto conversávamos com as pessoas, durante o protesto de Campinas, havia um clima de paz, mas alguns meninos e rapazes, aparentemente nenhum acima dos 25 anos, enquanto trocávamos palavras de ordem e entoávamos cantos, sentíamos um certo rancor da parte deles, que buscavam sempre se expressar de maneira mais violenta, mudando palavras da música, gerando músicas realmente violentas. E foram as mesmas pessoas que quando "o pau comeu", partiram para as zonas de atrito. Eram rapazes que vestiam roupas mais simples que a grande maioria das pessoas que estavam lá, com seus smartphones e gadgets em geral.
    Em sua maioria, os agressores a ordem pública consistem em jovens como eu, que estão indignados com a situação do país - só que no caso deles não é só do país. Não são jovens universitários, de classe média, ou média-alta. Sequer tem alguma classe. São tratados como marginais perante outros participantes da manifestação. São sombras, são as pessoas que quando passam perto, as mulheres seguram a bolsa contra o corpo e os homens checam se a carteira está no bolso, ainda. São marginalizados pelos próprios manifestantes.
    E não só marginalizados pelos outros manifestantes, são marginalizados pelo próprio ato, que não apresenta causa alguma, ou pouco defende algo favorecendo a população da periferia (como os 20 centavos SIM), tida como marginal. Por vezes, os manifestantes advindos das periferias caminharam por horas para estarem ali, porque as escassas linhas de ônibus que fazem o trajeto até o centro da cidade foram cessadas, por conta da manifestação.
    E são marginalizados pelo sistema. Eu não diria pelo governo, pois nos últimos anos houve uma série de medidas que, por mais hipócritas que pareçam, ainda buscaram trazer algum alento aos mais necessitados, mas o sistema os marginaliza. Marginaliza por não terem um atendimento médico, quando necessário, para eles ou para a família; ou quando a mãe cria solteira o filho, porque o pai ou tá preso ou morto - e se não está, trabalha o dia inteiro para um salário mínimo. Marginaliza quando não dispõe escolas de qualidade, ou quando os professores são agredidos por uma cultura impregnada, onde, desvalorizados, não tem o mínimo de respeito dos alunos por eles, e assim os alunos, já cientes de que não tem uma chance de um futuro melhor, corroboram com a situação precária dos profissionais e ajudam a declinar ainda mais a educação (o que gera um ciclo vicioso, diga-se de passagem).
   Marginaliza quando o menino, de 14 anos, voltando da escola, toma revista dos PMs só porque é preto e pobre. Marginaliza quando esse menino tem o sonho de ser jogador de futebol, porque é a única chance dele ter uma vida longe da periferia e da violência. Esse menino que muitas vezes quis aquele brinquedo ou o lanche que passou na TV, mas nunca pôde comer. E que quando crescer, ou vai pra bandidagem, ou levar uma vida de cão, ganhando merreca e se enfiando em bares pra que o torpor do álcool faça esquecer um pouco a situação animalesca a que é submetido.
    Marginaliza quando a menina, aos 11-12 anos começa a ganhar corpo e o padrasto abusa da menina, que sai de casa ou vai acabar engravidando do padrasto (não que isso permeie apenas a população mais carente, mas o índice destes ocorridos por aqui é sensivelmente maior). Marginaliza a menina que cuida dos irmãos mais novos, limpa a casa e aguenta xingo da mãe, porque não deu conta de todo o serviço; que queria a boneca da apresentadora X ou Y, ou o bebê que respirava - mas nem mãos ia ter pra poder brincar, porque já cuidava de bebê de verdade.
    E essas crianças crescem, e viram adultos, viram a própria figura de seus pais. E o padrão se repete, e há um ódio do sistema tão embutido nessa maneira com que vivem, e vivem nessa marginalização há tantas gerações que isso tá estampado no fundo de suas almas. A revolta é muito grande - e eles, mais do que ninguém, querem a mudança do sistema, e são manifestantes, como quaisquer outros. Mas não ensinaram pra eles as palavras bonitas que universitários usam. Não ensinaram a cordialidade para com o próximo; pelo contrário! A visão de polícia que eles tem é dos "hómi" que tão chegando e batem na molecada, por uma certa diversão sádica, só porque esses 'moleques' não podem revidar, e "já são todos bandidos mesmo, então apanha, que não vai ter jeito". Eles não sabem COMO demonstrar toda a revolta, escrevendo um texto, dando um depoimento. Eles foram ensinados pelo sistema, forjados numa violência social - e agora vão cobrar o preço por isso. Vão tomar das lojas os bens que não podem comprar, vão roubar a passatempo da gôndola do mercado, vão tacar pedras nos símbolos do poder público e nas obras públicas. E vão sentir prazer nisso, vão ver nisso uma certa diversão, porque estarão demonstrando o ódio que têm pelo sistema, estarão devolvendo ao sistema a violência que lhes é imposta no dia-a-dia.
    Isso é certo? Com certeza não. Mas a violência foi abordada, primeiramente, por qual lado?
    Afinal de contas, esses "vândalos", são ou não são manifestantes? Ao meu ver, eles são. E estão lutando, embora de maneira errada, com mais vontade que uma boa parcela das pessoas presentes nos protestos. Note que não me ponho a favor da vandalização, só digo que ela, embora não seja justificável, tem um motivo radical.
    Já a galerinha classe média e uns metidos a punks que depredam sem causa, eu só faço o pedido para cessarem esse comportamento indevido, que prejudica o decorrer dos protestos.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

E o Gigante acorda... E pra onde ele vai?

Ladies and Gentlemen, WE ARE LIVE!
    Demorei para escrever aqui, sobre essa tal Revolta/Revolução do Vinagre, mas JURO que foi por uma boa causa. E acho que vou tentar explicar sobre esta causa em mais uma daquelas "paredes de texto", que só quem curte ler as porcarias que eu escrevo vai ter paciência. E vai te consumir uns 10 minutos de vida.
    Pra começo de conversa, seria legal a gente assistir a este vídeo aqui, pra dar aquela emoção, sabe? E vou escrever dum jeito facinho facinho de ler, pra não ficar muito empolado =P

    Então vamos lá! #Vamos_pra_rua ! E para que?
    Ah, não são só os 20 centavos, tem a PEC 37 (que aliás, você que começou a ler o texto, responda com sinceridade: você sabe do que se trata o Projeto de Emenda da Constituição n° 37? Ou tá sabendo só o que o Jabor disse - a PEC da impunidade?), e o fim da corrupção, e... E... E o Brasil acordou!
    Com o perdão da expressão, puta merda. Bacana o lance da mobilização, o flashmob que tá surgindo, ver que a galera percebeu que não precisa estar num estádio de futebol ou no carnaval para falar a mesma língua. Mas o movimento, em si, não passa de um carnaval fora de época, mas é mais pra um carnaval dos coxinhas. E eu tenho medo de como vai se desenrolar esse lance, daqui pra frente, do rumo que esse "Gigante" vai tomar, isso se não voltar pra cama, e dormir "em berço esplêndido" por mais quinhentos e poucos anos.
    Vamos aos #fatos:
I) O protesto começou um dia qualquer em Sampa, com a galera depredando ônibus com o aumento das tarifas. Logo, alguns xexelentos e militantes partiram pra causa e rapidinho tínhamos aquela tradicional cena de estudantes de humanas (é algo quase preconceituoso a se dizer, mas é bem real)  que apoiam os movimentos populares porque acham justo - e eles tem mesmo que apoiar, dar subsídio intelectual nessas situações!
II) A TV, então, caiu de pau, e aí um grupo de amigos resolveu que iria se juntar à baderna e engrossar um pouco o caldo. E saíram às ruas. Como a tarifa de São Paulo é no mínimo abusiva para o serviço fornecido, foi bem bacana a galera ter entrado na roda.
III) E o protesto chegou à internet, com o ar de repressão policial, e um sentimento de injustiça, a galera foi aderindo, aderindo... E os universitários chegando, colocando água no feijão e jogando uma farinha pra engrossar, fazendo aquele tutu que tinha tudo pra terminar na repressão que rolou na USP, em 2009. Mas o golpe de sorte começou aí! A população resolveu que ia aderir aos protestos, justamente pelo lance do abuso da passagem que tá todo mundo de saco cheio! E aí a coisa ficou legal. E era pelos 20 centavos SIM!
IV) Chegamos no clímax do rolê! Aqui foi onde a galera do Movimento do Passe Livre tava caindo de pau, e centenas de pessoas, talvez uns poucos milhares, começaram a instaurar o CAOS pelos 20 centavos, e ERA SIM PELOS 20 CENTAVOS! E algumas outras cidades do país resolveram sair em apoio, e lutar para que esses 20 centavos não saíssem do bolso deles! Foi nessa hora que uma galera começou a azedar o leite, mas dum jeito não muito bom, porque não ia virar queijo, só ia coalhar, sem deixar que virasse nem uma coalhada decente =/
    Uma galera cujos 20 centavos a mais não fariam diferença, mas estavam lutando pelos direitos alheios, resolveu começar a tratar de corrupção e o protesto começou a expandir, a abraçar as causas do mundo inteiro E, pra terminar de colocar a cereja de perdição do movimento no bolo... A mídia, que era contrária, teve alguns repórteres atacados pela polícia.

V) (de Vinagre, onde nossa revolução virou palhaçada):
    A mídia então começou a comprar a ideia dos protestos, e o Facebook ficou lindo, cheio daqueles reacionários que criticavam "bolsa-tudo" no país aderindo ao movimento, cheio de moças que semana retrasada tavam tirando fotos com plaquinhas "As feministas não me representam" ou caras que xingavam os coleguinhas de gays, como pior insulto possível, gente que esperava ansiosa à Copa das Confederações... ESSAS pessoas entraram no protesto, e transformaram o vinho em vinagre. Azedaram a p*rra toda.
    Não fiquei descontente DE MODO ALGUM com todo mundo aderindo ao protesto, mas a manifestação perdeu o foco, deixou de ser pelos 20 centavos, começou a ser pelo fim da corrupção, pelo fim da PEC 37, da PEC 33 e de tantas outras siglas que 1 a cada 10000 manifestantes devam saber o que realmente significam. E começaram a dizer que o movimento não tinha uma causa, e sim, todas as causas.

VI) E agora Jabores e Sheherazardes (ou "Shaarizardes"), a rede Globo e até a Veja começaram a defender, e sabem por quê? Porque acharam uma oportunidade "Gigante, grande como nunca se viu" de fazer o que fazem de melhor: atuar, mascarar e enganar!
 (Uhuuul! Sou livre, não vejo os fiozinhos me puxando!)

    Não se tratava de um ou outro repórter machucado, o que começou a ficar em jogo é a população brasileira! Nada melhor que uma massa de manobra agitada, um povo descrente, para que uma liderança seja sugerida e acatada. Aí começaram a pipocar os coxinhas-revolucionários, aqueles pedindo impeachment da Exc. Sra. Dilma Roussef. Do Haddad. Mas doía falar alguma coisa do Alckmin, então ele foi lá e fez aquele discurso se eximindo de culpas, dizendo que o povo brasileiro é sofrido (pra não falar fodido) e que faltaria guilhotina se soubéssemos 10% do que fazem com a gente. Pois é, agora é tirar a Dona Presidenta do cargo dela e colocar o que? Um Michel Temer? Um Aécio Neves? Quem sabe tentar alocar o Sr. Burns, digo, José Serra? Ou a Marina da juventude, que quer que os jovens estejam do lado dela, diz que vai defender as minorias, mas teve nojo de pegar na bandeira arco-íris, símbolo máximo dos gays, e que quer encher o país com bancada evangélica no congresso?
    Cara, NÃO! Por favor, né?

VII) E o golpe continua, pois agora o movimento é apartidário e defende o fim da corrupção, a melhoria da saúde e da educação, isso, aquilo, aquele outro... E os 20 centavos.
    E o acesso à internet serve para continuar influenciando as pessoas a terem raiva de um país, direcionando cada vez mais para algo pessoal.
    Notemos que o público é de classe média, a galera que tá protestando é classe média, em sua maioria, e da classe C+ e B-, pra ser mais específico. Poucas são as pessoas da periferia. Aqueles que enfrentam uma guerra cotidiana, de um lado traficantes, do outro uma milícia de policiais mal-intencionados, e do outro a polícia mal preparada, que aborda o menino de 13 anos por ser negro e mal vestido no bairro, que joga o "moleque" no chão, suja a camiseta do uniforme, quando voltava da escola. E o único lazer do menino é jogar bola, isso se sobrar tempo, porque tem que trabalhar pra ajudar na casa, e não sobra tempo pra estudar, acaba abandonando o estudo e é o ciclo vicioso. Um ou outro pode continuar estudando, porque o auxílio do bolsa-família, bolsa-escola e até o bolsa-gás permitiu que não começasse a trabalhar aos 14, e conseguiu terminar o 3° colegial, talvez até se apoiar num ProUni para fazer um ensino superior de qualidade duvidosa, mas suficiente para ter um diploma e uma profissão mais razoável. Talvez ele sonhasse em ser professor.
    Aliás, os professores. Profissão mais importante possível, formadores de cidadãos, xingados de merdas e incompetentes por pais, com um prestígio pior que de um traficante (afinal, muita criança quer ser chefe de boca, pra ter algum status na vida), e vistos com maus olhos pela população. E quando foram brigar por salários mais altos, aqui em SP, foram taxados de depredadores de patrimônio público e o movimento deles, com mais de 20 mil profissionais capacitados e querendo melhorar suas condições, foi reduzido na TV pra umas 2 mil pessoas vândalas e preguiçosas. Mais uma vez, puta merda.
Só duas mil mesmo?


    Começamos a nos tornar uma massa de manobra, burra, cega.
    Nossa música de protesto, a postada ali em cima, veio de algo comercial, uma montadora de veículos. Até nossa música tema é fabricada por outrem =/

VIII) E chegamos na intolerância. Intolerância, como assim?
    O movimento é pela democracia, certo? Então porque PORRA as pessoas não podem carregar bandeira de partido? Sério, alguém me explica? É a PORRA do ponto de vista delas, e na democracia as minorias devem ser respeitadas. Minha visão sobre isto: sabe por que não permitem bandeiras de partidos? Porque os partidos envolvidos em manifestações assim geralmente são PSTU, PT, PSOL, PCO... E isso é contra a visão dos burgueses, né, gente!?! Concordo que o movimento é apartidário, e nenhum partido está tomando posição como criador do movimento, mas não podemos boicotar a liberdade de expressão. É como dizer: "mulheres não podem participar do protesto".
    Outra coisa: o machismo tá rolando solto, lá! Vi dúzias de fotos com pichações como "nem sua mãe vale isso", "nem puta custa tão caro". Ou ainda "Pelo fim do funk". CARA! É expressão cultural! Querer o fim de um estilo musical (por menos que eu ou vc gostemos dele) é extirpar uma parte da nossa cultura - e o pior, da periferia, que é quem mais precisa que os direitos sejam preservados, pois são os mais explorados! Quer o fim da corrupção só pra classe média? Quer garantir direitos só pra classe média, é isso? Vota no PSDB então, cacete! Daqui a pouco vão proibir que pessoas cuja família tenha renda percapta menor do que 3 salários mínimos de estar na passeata!!!
    Não se trata de um lance de apartidarismo, trata-se de uma revolução burguesa, que está por acontecer, onde a periferia vai ser ainda mais prejudicada.


No fim das contas, o que eu vejo que precisa ser feito, antes que esse "Gigante" levante, dê uma espreguiçada e volte pra cama, deixando o Brasil do mesmo jeito que tá, só que diferente, é que analisemos cada passo dado, que o movimento seja cautelosamente estudado e que sejam combatidos problemas mais focados, um movimento sem foco não tem objetivo, não tem onde chegar.
Devemos lutar por várias pequenas causas, aos poucos, reivindicando cada direito por vez. O aumento do prestígio dos professores, pela mídia e pela sociedade, depois seus salários, depois jornada de trabalho.
A contratação de mais médicos, redução de jornada de trabalho, melhores condições de trabalho.
A melhoria de saneamento básico nos bairros X, Y, Z.
A condenação de acusados de desvio de dinheiro, com sua prisão e ausência de benefícios ilícitos ou exploratórios, mas de réu por réu.
Ao combate da homofobia, fim da "cura" gay.
E pelos 20 centavos da passagem, como era no começo.

O que realmente nós precisamos não é tirar ninguém do poder, agora. Não precisamos dar um golpe de Estado. Precisamos focar nosso movimento, nosso "Gigante", fazer com que cada passo dado por nossos representantes seja assistido e julgado pelo povo, precisamos fiscalizar todas as medidas decididas nas câmaras de vereadores, deputados, no Congresso... Afinal, nós que colocamos eles lá, não? É nosso dever vigiá-los. E gritarmos, como estamos gritando agora, quando passar aquela mínima ideia de fazer algo errado na cabeça deles.

sábado, 13 de abril de 2013

A piada do Auxílio-Reclusão

    Boas noites galera das internets!
    Hoje eu fui abordado pela graça da Camila, que tava reclamando SOBRE (e não DO) o auxílio-reclusão. Acho que todos nos deparamos com alguma coisa do gênero:

    De fato, é uma vergonha, isso não posso negar!
    É uma vergonha um trabalhador honesto ganhar R$ 678,00 e um presidiário ganhar mais de 4 mil reais por mês. Só que a vergonha maior é a galera sair promulgando por aí imagens como esta. Só prova que você é bem alienável e acredita em qualquer coisa que te empurram pela goela abaixo. A piada, aqui, é o brother que não se informa e sai arrotando pum por aí! Daí tem nossa amiga Camila (obrigado por chutar o traseiro dessa galera alienada o/) e me avisa que AINDA tem gente que acha que o rolê é bem esse mesmo, e não tem a capacidade de buscarem informações.
   Em 5 minutos é possível fazer uma pesquisa naquele site e procurar por "auxílio-reclusão", a pessoa é direcionada para o site da Previdência Social, e teremos acesso à seguinte informação: o auxílio, a partir de 01/01/2013 será de R$971,78 (valor máximo). Se acessarmos a lei Lei nº 8.213, de 24/07/1991, da PS, verificaremos que o benefício é concedido para alguns detentos, e está dentro das seguintes conformidades (ou seja, precisa cumprir as seguintes exigências):
    I) O auxílio não é dado ao preso, e sim aos familiares, tais que: II) sejam dependentes do detento, comprovadamente; ou seja: se o detento sustentava à casa com o salário do seu emprego, o Estado garante que a família receba o valor do salário do detento. E entenda por dependentes filhos menores de 18, esposa e inativos dependentes; independente do número de dependentes o benefício é o MESMO. III) O benefício apresenta mesmo valor do salário do presidiário. Ou seja, se ele ganhava R$700,00/mês, o benefício será de 700 reais e será entregue aos familiares pela Caixa Econômica Federal. E se o detento ganhar um valor superior a este salário, antes de ser preso, a família não tem direito; bem como o benefício não é dado para famílias que são independentes da verba do detento.

    Pode-se dizer que isso trata-se de uma injustiça, mas aí eu coloco uma pergunta para o indivíduo que ainda acha tal benefício desnecessário: qual crime a família de um detento cometeu, para ser privada de seus benefícios? Vivemos em uma democracia, e há igualdade de direitos entre os cidadãos, seria inconstitucional deixar uma família dependente passando fome! Isso não é nada além do sistema apoiando quem precisa.
    Não é correto retirar a fonte de renda de dependentes, sem que haja uma maneira de permitir que eles sejam apoiados.

    Em resumo, a explicação: O Auxílio-Reclusão não muda de valor de acordo com a quantidade dos filhos, o valor (máximo) é reajustado todo ano, nunca superior a 1,5 vezes o salário mínimo e só é garantido para presos que trabalhavam antes; o benefício é dado para os familiares e não para o detento e, por fim, isso é feito porque é anticonstitucional privar dependentes da fonte de renda, quando os mesmos não cometeram nenhum crime.

    Explanação rápida e desanimada, pq to com uma gripe desgraçada e minha vontade de escrever tá ceifada.

    Até a próxima o/

domingo, 7 de abril de 2013

HQ [2]: Uma síntese da história da humanidade, na visão do humano médio.




Talvez meio reduzida, talvez meio parcial, mas acho bem próximo de como o homem se põe perante à sociedade, ao longo da construção da mesma.

Imagem retirada de http://obviousmag.org