sexta-feira, 16 de março de 2012

O Brasil e a nova TekPix®

   Olá meu escassos leitores! Venho agradecer as 3000 visualizações do blog desde sua origem (Janeiro do ano passado). É bacana ver que o blog tem uma certa movimentação. OK que é pequena - blogs de conteúdo humorístico atingem 10-15 mil visualizações por dia . Mas neste post vou conversar um pouco sobre isso... Mas quer saber? Chega de falar do Estopim, vamos falar da Nova TekPix!!!


   Ela é a única filmadora 7 em 1 do mercado (ou pelo menos é o que eles querem que você acredite). Filma em qualidade digital, tira fotos de até 12 MP, grava sons, serve de web cam, função pendrive, mp3 e mp4 player! É tipo um celular que não faz ligação, desses mais modernosos.
   O interessante é que ela custa quase mil reais (R$958 e uns quebrados, à vista), e tem gente que compra.




  • A TekPix e a Propaganda
   O produto não é exatamente bom. Nem necessário. E é caro. E por que compramos, afinal?
   A propaganda foi uma das invenções mais eficazes do homem; já fez e ganhou guerras, já salvou economia de países, já. Um exemplo medonho da força da propaganda, abaixo:
   Na cabeça de um adulto já faz estrago. Agora imagina isso sendo apresentado para crianças... Não precisa ser um gênio para perceber que, se em 1943 a propaganda já estava nesse nível, em quase 70 anos ela avançou - e muito - o suficiente para fazer uma senhora "lavagem cerebral" na cabeça de gente grande. E somos impelidos a fazer coisas que não são nem um pouco vantajosas, como comprar uma TekPix. Nada contra, mas nunca conheci um consumidor feliz do produto...


   A Propaganda trouxe um novo conceito de vida, junto com o século XX, impulsionada pelo uso de recursos inovadores: o rádio e a televisão.
   A televisão, aliás, é um monstro: ocupa nossa visão e audição, que são responsáveis por mais de 3/4 de tudo que, conscientemente, repassamos ao cérebro. Logo, ocupa mais de 75% da nossa cabeça, sobrando pouco para analisarmos a veracidade e a coerência das informações repassadas por este meio. Fica fácil repassar uma mentira assim.


   Com essa nova possibilidade e abrangência de recurso de mídia, surgiu um novo conceito...




  • A Cultura de Massa
   Podemos dizer que há uma simbiose entre a cultura de massa, a mídia da propaganda e o que isso gerou, chamado de pós-modernidade (no sentido empregado por Stuart Hall e Gilles Lipovetsky, explico mais tarde). Mas tentemos entender como funciona isso, para continuarmos na análise.
   A arte diverge em ramos distintos. Parte torna-se elitizada. A outra parte teve um tratamento de globalização e foi instituída de alguma forma, como um padrão mundial, o qual fomos induzidos a seguir como o bom. Trata-se de uma música (ou seriado, ou filme, ou *insira aqui manifestação artística popular*) que é amplamente divulgada pela mídia, ao mundo todo, e vira uma espécie de moda em muitos locais. Vejamos o exemplo sensação do verão 2012, nas suas diversas formas:
a original
inglês
alemão

espanhol
   OOOOOOOOOOOOOOOK, paremos por aqui!

   Acho que foi um dos primeiros sucessos brasileiros a cair na cultura de massa (também chamada de cultura pop). Houve uma época em que exportávamos bossa nova e MPB, mas isso foi para o ramo elitizado. Apenas pessoas com mais posse têm a oportunidade de frequentar locais que sejam oferecidos outros tipos de música.
   E, como todo bom humano, temos preguiça de correr atrás, já que tem um mundo sendo despejado em nosso colo, e acabamos por acatar. O modo com que isso é apresentado para nós faz com que ignoremos totalmente ou parcialmente algumas artes, como o teatro, shows de pequeno porte, artes visuais (das mais antigas, como esculturas, telas), por serem pouco rentáveis ao mercado. 
   O entretenimento virou uma indústria. E como aprendo na engenharia: uma indústria tem que produzir e fazer o marketing necessário para vender um produto barato, de qualidade duvidosa e ao maior número de pessoas, para obter o maior lucro. Basta seguir esta fórmula para chegarmos a este ponto. Temos artistas que tem potencial para fazer músicas decentes, nada triviais, mas são impelidos pelo mercado a fazer o lixo artístico, para ganhar dinheiro (é como aquela conversa de Sócrates e Polemarco, em "A República", de Platão, sobre o bom profissional e sua definição, há milhares de anos, e o dinheiro corrompendo a galera desde lá...). O interessante é ver como esse tipo de arte é recursiva e metalinguística: ela fala sobre si mesma, e diz como ela é boa, e como ela faz as pessoas felizes!!! Acompanhada de uma dose de globalização, afinal, party rock é legal em qualquer canto do mundo. (Cada música/filme Vejamos:



   (UAU! Legal ser Party Rock, não? Prontos para dançar e serem legais?)
   Caímos então no conceito da cultura pop, ou cultura de massa, onde há um certo movimento contra-artístico, que é o principal induzidor de um novo estado da sociedade, proposto por S. Hall e G. Lipovetsky, que eu citei acima, chamado...


  •  A Pós-modernidade
   Minha suposição, que espero que considerem após ler esta explanação, do real estado dos Estados ocidentais ou ocidentalizados. Induzidos pela mídia geral, trata-se de um movimento de vários setores. Temos produtos (como a nova TekPix), músicas (tipo Michel Teló, só que de todos os cantos do mundo), programas de televisão mostrando como viver nessa sociedade é bom e como podemos nos encaixar.
   De um modo bem grosso posso dizer que enxergo na nossa sociedade algo próximo às castas indianas: nós nos tornamos, por conta, classes. Fizemos uma rotulação espontânea entre as camadas sociais aliadas às etnias e escolaridade (algo assim: se vemos um branco feio e pobre, é um coitado; um preto feio e pobre - normal, remete às origens da nossa sociedade, onde pretos eram escravos; se é branco e rico, normal; se é preto e rico, deve ser muito bom no que faz - já que os brancos não precisam ser tão bons assim, pelo jeito, ou por serem naturalmente bons ou porque a sociedade dá todas as condições para um branco emergir...). Quem é pobre, será pobre, já que não tem como sair da favela. Quem é rico, vai mostrar que é rico, roubar os pobres na cara dura - eles não percebem, ou se percebem estão tão acomodados que não irão lutar. 

   Esse comodismo é dado pelos conceitos de valores de uma sociedade pós-modernista, onde a globalização diminui as culturais regionais, usando da Cultura de Massa para sustentar essa visão de mundo. Supondo que estamos alienados e nossa mentalidade está focada no que dão para a gente, fica fácil redigir todo um novo código de ética/moral, dando novas enfases para velhos conhecidos. Podemos dizer, dentro do conceito de pós-modernidade que temos como prioridades a ética hedonista (cultura de venerar o prazer imediatista, a total ausência de dor e o bem estar para o maior número de pessoas possível - lembrando que o conceito de bem-estar individual e grupal foi MANIPULADO pela cultura de massa, logo, você percebe que quem tá na lama não quer sair dela por puro comodismo - logo, tem seu bem-estar garantido), o individualismo (para evitar a união dos indivíduos, trabalha-se com o lado individual, mostrando que ser um indivíduo único é muito bom. Acontece que desunidos, ninguém lutará pela melhora de sua condição; além de exacerbar o egoísmo), o consumismo (vamos comprar produtos desnecessários para que tenhamos bem-estar; vamos comprar este MEIO DE VIDA) e a fragmentação do tempo e espaço, demarcando bem as horas, forçando-nos a seguir o tempo e fragmentando nosso espaço, onde cada casa é uma e única... só para dificultar ainda mais o agrupamento de pessoas que pensem fora disso.

   Copiarei um trecho de um artigo interessante:

"Em "A Identidade cultural na Pós-Modernidade", Stuart Hall (2003) busca avaliar se estaria ocorrendo uma crise com a identidade cultural, em que consistiria tal crise e qual seria a direção da mesma na pós-modernidade. Para efetivar tal intento, analisa o processo de fragmentação do indivíduo moderno enfatizando o surgimento de novas identidades, sujeitas agora ao plano da história, da política, da representação e da diferença. A preocupação de Hall também se volta para o modo como haveria se alterado a percepção de como seria concebida a identidade cultural. Todos esses aspectos constituem-se como fases de um procedimento analítico que intenta descrever o processo de deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas e pós-modernas, assim como o descentramento dos quadros de referências que ligavam o indivíduo ao seu mundo social e cultural. Tais mudanças teriam sido ocasionadas, na contemporaneidade, principalmente, pelo processo de globalização.
A globalização alteraria as noções de tempo e de espaço, desalojaria o sistema social e as estruturas fixas e possibilitaria o surgimento de uma pluralização dos centros de exercício do poder. Quanto ao descentramento dos sistemas de referências, Hall considera seus efeitos nas identidades modernas, enfatizando as identidades nacionais, observando o que gerou, quais as formas e quais as consequências da crise dos paradigmas do final do século XX.
Desde a década de 1980, desenvolve-se um processo de construção de uma cultura em nível global. Não apenas a cultura de massa, já desenvolvida e consolidada desde meados doséculo XX, mas um verdadeiro sistema-mundo cultural que acompanha o sistema-mundo político-econômico resultante da globalização.
A Pós-Modernidade, que é o aspecto cultural da sociedade pós-industrial, inscreve-se neste contexto como conjunto de valores que norteiam a produção cultural subsequente. Entre estes, a multiplicidade, a fragmentação, a desreferencialização e a entropia - que, com a aceitação de todos os estilos e estéticas, pretende a inclusão de todas as culturas como mercados consumidores. No modelo pós-industrial de produção, que privilegia serviços e informação sobre a produção material, a Comunicação e a Indústria Cultural ganham papéis fundamentais na difusão de valores e idéias do novo sistema. ".


Ou seja...
   Estamos vivendo em uma época onde fomos forçados, pela indução da propaganda, a nos marginalizar da sociedade e sermos conduzidos como marionetes, embora nos seja transmitida a noção de individual e de bem estar. Acreditamos que estamos vivendo na liberdade quando estamos presos a um conceito surreal de felicidade.

   Por vezes temos atitudes das quais não nos orgulhamos, mas somos postos a prova pela sociedade para que façamos. Pessoas, para serem diferentes, ou demonstrarem ferrenhamente sua personalidade, se tatuam, colocam piercings, mutilam o próprio corpo - e chamam isso de bem-estar (nada contra, é até bonito na maior parte dos casos, salvo casos exagerados).
   E se estamos felizes, porque vamos lutar pela mudança? Não se trata só de uma questão social. Em todos os ramos da sociedade nos acomodamos. Somos consumistas sem noção do social, sem noção política! Mudaram tanto nossas raízes que perdemos toda nossa memória sócio-política! Não temos mais bases, referências! Como podemos lutar desarmados de nosso senso? Não só do bom senso, mas com o senso comum, nosso principal canhão, virado para as estrelas (as Hollywoodianas, geralmente...) ??? Alguns buscam refúgios em grupos, mas não percebem que estão sendo manipulados pelos mesmos crápulas que se dizem diferentes (NÉ DCE?... Como uma sigla de 3 letras que não usa mais do que o intervalo entre a 3ª e a 5ª letra do alfabeto pode ser um grupo tão estúpido, formado por pessoas tão inteligentes?)


   Tá insatisfeito(a)? Então vem comigo, que a gente vai mudar um pouco isso, bem devagarzinho, mas vamos nos ajudar para sair dessa alienação doida do mundo =P




Sei que to devendo uma continuação da batata e os cinco macacos. Uma hora arregaço as mangas e parto pra frente. Por enquanto falta incentivo. As pessoas pararam de ler e discutir sobre os assuntos, eu desanimei. E nenhum dos colaboradores está na ativa, o que dificulta as coisas... Vamos ser um pouco mais ativos, galerê???