domingo, 5 de outubro de 2014

A esquerda e o Brasil

    O PT errou. Essas eleições nacionais são a prova incontestáveis desse panorama.
    A esquerda do Brasil falhou. O PT falhou junto com ela - ou fez ela falir.
    Dentre muitos anos, a esquerda no país foi se construindo, pautada no desenvolvimento de um contra-sistema, sempre buscando as demandas dos trabalhadores e pobres. Com a chegada do PT ao poder, na era Lula, houve uma acomodação da esquerda. Os líderes desta esquerda nacional foram, então, absorvidos pelo aparelhamento do serviço público - se tornaram governistas, e os movimentos sociais foram dissociados e enfraquecidos.
    A esquerda é constituída por movimentos sociais, que são nada mais do que as pautas daqueles que sofrem com a opressão do sistema, e se organizam para realizar defesas. Tendo suas lideranças dentro do próprio sistema opressor, enfraquecem e desestruturam totalmente tais pautas, a base dos movimentos se perde. E assim a esquerda brasileira findou.
    Findou ao se associar com todo gênero de capitalistas, afim de se manter na posição de governista. É cômodo estar na posição de governista, onde tem-se respaldo e arrogância para refutar, ainda que falaciosamente, e colocando-se em posição de superioridade inatingível. Neste processo para manutenção do status de poder, atrelou-se a corja de capitalistas das piores estirpes, como ruralistas e industriais anti-ecológicos. Entretanto, pela defesa de movimentos sociais vai-se de encontro aos interesses de tais financiadores, que, barões e donos de capitanias hereditárias virtuais, trabalharam em ceifar a imagem do partido, a ponto do tratamento midiático sobre corrupção ser a principal pauta de todo um plano de governo da então oposição - que vai subir.

    Conforme o PT desestruturou-se como esquerda, surgem novos partidos no cenário nacional com propostas similares às origens deste partido, como PSOL, PSTU, PCB, PCO. Entretanto, pautam-se numa esquerda intelectualizada e acreditam que uma teoria de esquerda e uma militância burguesa e elitizada intelectualmente, que não dá voz ao trabalhador. Fixa-se em centros universitários e não dialoga com o trabalhador. Não se constrói pelas reais demandas de necessidades do trabalhador, mas tomam para si as pautas progressistas que, embora estritamente necessárias, não atendem às mais básicas necessidades, como dar um teto ou um lar ao trabalhador. Esperam que, como em teoria, haja revolução a partir de um momento de dificuldade. Falam em sentimento de classe, sem que estes mesmos pertençam a classe do proletariado. Falharam em falar a língua do povo.
   O PT também falhou em criar o sentimento de classe de proletariado. Empoderou financeiramente o trabalhador e esperou que pela estabilização econômica, gerasse a classe trabalhadora, ignorando-se a conjuntura atual, onde o possuir, o consumir são mais importantes que o pertencer a um grupo ou ser parte de algo. O indivíduo torna-se maior que o grupo e a individualização, o possuir mais e mais é o diferencial e o importante ao ser. Erramos em deixar a CNB tomar conta do governo, essa corrente ideológica composta por muitos oportunistas de situação governista.

    Temos a bancada mais conservadora, rançosa, retrógrada do século. E uma esquerda nacional desestruturada. Um estado de São Paulo onde até o Suplicy, o senador vitalício, foi derrubado. E todos estamos perdidos - e não sabemos para onde correr. Qual o próximo passo? Quem vai dar o primeiro passo para a revolução, e como será dado?

   Será que agora há uma união da esquerda nacional?