quarta-feira, 11 de março de 2015

Análise repentina de conjuntura

   Salve camaradas. Estava esperando o meio de transporte "público", esperando para dar mais 4 reais e dez centavos prum certo Belarmino aí, quando tive um insight. E precisei esperar o trajeto delongado para tentar por no papel as ideias que passaram na minha mente em 3 segundos. Sim, foi tipo uma onda que trouxe uma avalanche de pensamentos. Um típico lampejo.

   Ponderei, por algumas frações de segundos: o que une a esquerda? E não me veio lá muita coisa a mente. Fui um pouco além e tentei conceber um sentido para a esquerda, de fato. E caí na concepção de um camarada, alguns anos atrás (é, Well, sua definição me foi marcante): "a esquerda é o contrário, o que se contrapõe ao sistema". Oras pois, nosso sistema, portanto, seria a direita e seguir nos trilhos seria ser um cidadão que faz tudo direitinho.
    Mas não para por aí, afinal de contas, não basta ser contra o sistema, se não definirmos as fronteiras do sistema, não adianta sermos contrários a um determinado aspecto se não delimitarmos o universo, questão termodinâmica de análise. Então podemos colocar a esquerda como sendo um ponto de vista no qual há uma igualdade formal/material. E tal igualdade não é subjetiva, e trata-se de toda uma reforma, a fim de obtermos um estado onde não há privilégios a nenhum determinado grupo, ou seja, onde não haja minorias - minorias em sua definição, que não quer dizer grupo com menor quantidade de indivíduos, e sim um grupo que sofre uma opressão -> opressão no sentido de desigualdade sistêmica que prejudica um grupo e favorece ao grupo de seus opressores. 
   E aí a gente esbarra num ponto: várias das minorias são opressoras de outras minorias. E a esquerda se segrega. Dificulta essa união. Fissuras e mais fissuras, diversos braços e situações - o que de fato é o importante, por trazer um panorama de respeito aos mais diversos gêneros, categorias, etnias e grupamentos de pessoas. Motivo da nobreza e da fraqueza da esquerda.
    E a direita? A direita é a representação do sistema. Uma conjuntura que se perpetua e se fortifica por si mesma. Cria mecanismos de formação de opinião de maneira subjetiva, como jornais e mídias que ao invés de informar, adquirem o papel de formar e moldar toda uma massa presente no país, aproveitando os pontos segregativos causados pelas divergência da esquerda e colocando quem está no poder como correto, como meta a ser atingida e como o ideal. A direita se une atrás de um único recurso, afinal, tem um objetivo em comum para todos aqueles que a cultivam: o capital. Tudo se une em volta de ter o maior acúmulo de capital. Métodos cada vez mais sutis de exploração e de subjugação de todo e qualquer humano em prol do desenvolvimento do capital.

    E aí que chegamos num contrassenso: como lutar com um sistema quando nossos meios de comunicação e de educação são todos formados e formatados para prosseguir com a construção desse sistema?
    E aí que cheguei no ponto do insight: a esquerda precisa se empoderar. Como assim? Bem, nós tretamos com a direita, enquanto a direita flerta com nossas crianças, jovens, adultos e provém uma formação. Ficamos com pinta de inimigos e caímos no erro de sermos enquadrados com a alcunha de comunistas comedores de crianças. Acho que o empoderamento da esquerda deve se basear prioritariamente na pedagogia. Devemos buscar no flerte nossos aliados, e não na combatividade.
    Vejo muitos camaradas - e eu, inclusive, permaneço fazendo isso - criando rachas e discussões infindáveis com pessoas de ideologias próximas ou totalmente distintas. CARALHO, o inimigo não é o coleguinha direitista (ok que é um soldadinho do capital, mas não é a figura em si). O nosso foco deve ser em mostrar, sem agressões ou discussões, mas sim no empoderamento pessoal, trazendo à mente o quão libertadora a esquerda deve ser para o indivíduo em questão, o quanto ele passará a ter/ser/poder se x coleguinha se desatrelar das correntes 'direitosas'. E isso sem trocar farpas, sem trocar insultos ou sem sermos agressivos. Empoderar cada coleguinha que tivermos.

Depois que debandarem pra esquerda, aí a gente treta nos núcleos. Mas antes disso, vamos conter os diálogos, por o pé no freio e EMPODERAR a esquerda. A direita tem um sistema que se promove automaticamente. A esquerda só é forte quando todos estivermos juntos - porque sozinhos, caímos (Sabotage). Então é hora de tomarmos o poder do capital e por na mão das pessoas. Do mundo todo. Trazer coleguinhas pro lado de cá. E isso é muito difícil. Não urrar contra nossos opressores é doído, mas o sistema só muda se os males forem cortados pela raiz. Arrancar folhas não vai fazer diferença num universo tão grande. Despertar a empatia, nossa missão.